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Delegada repassa informações importantes para o enfrentamento da violência contra as mulheres

Segunda entrevista especial na Semana da Mulher, durante a programação da 92,5 FM

7 de março de 2023
Delegada regional da Polícia Civil, Cristiane de Moura e Silva Braucks (Foto: Maiara Räder / Rádio Alto Uruguai)

Na segunda entrevista especial da Semana da Mulher, na Rádio 92,5 FM, na manhã desta terça-feira (07), a delegada regional, Cristiane de Moura e Silva Braucks, responsável pela 22ª Região Policial, que abrange os 21 municípios da região, trouxe uma série de informações históricas de lutas empreendidas pelas mulheres ao longo do tempo, e também dados e explicações a respeito de como as mulheres podem realizar o enfrentamento aos diversos tipos de violência que sofrem diariamente, apesar de algumas conquistas verificadas e vivenciadas nas últimas décadas, em termos de direitos e políticas públicas, mas que ainda estão longe de ser o ideal para uma sociedade que se quer civilizada.

“Somente em 1827, as mulheres conquistaram o direito de frequentar uma escola, e ainda assim com restrições. No Brasil, somente em 1932 as mulheres tiveram garantido o direito ao voto. Até 1962, a mulher precisava de autorização do marido para trabalhar, algo inimaginável nos dias atuais. Apenas em 1977, foi instituída a lei do divórcio, possibilitando que a mulher pudesse colocar fim a um relacionamento violento ou abusivo. Até 1979 existia uma lei que proibia a prática do futebol por mulheres no Brasil. Tudo isso para se ter uma noção do quanto foi difícil ser mulher, e ainda temos muitas dificuldades presente na nossa sociedade”, destacou a delegada em sua fala inicial.

Na análise de Cristiane, a violência que segue muito presente contra as mulheres no cotidiano do país, está muito enraizada nestes costumes históricos e que acabam por fazer com que o homem enxergue a mulher como uma propriedade sua. “No momento em que a mulher não fica submissa a isso, começa a surgir a violência”, explica.

Somente a partir da Constituição de 1988 é que foi conferida uma igualdade de gênero, pelo menos em termos de legislação.

A Lei Maria da Penha, que entrou em vigor no ano de 2006, foi outro avanço importante, para que os diversos tipos de violência contra as mulheres pudessem ser enfrentados de uma outra maneira e com uma outra lógica. Em 2015, com a Lei do Feminicídio, as mulheres tiveram nova conquista histórica. “Muitas mulheres são mortas pelo simples fato de serem mulher. Pelo fato de o homem se achar dono da vítima”, exemplifica. A grande maioria dos feminicídios são cometidos por ex-companheiros, que não aceitam o fim do relacionamento com a mulher, que se torna vítima.

A delegada diz que é importante que as mulheres tenham muito presente os diversos tipos de violência que estão presentes na sociedade. “A violência não se resume à violência física. Existe também a violência moral. Se o seu companheiro começa a afastar você do convívio de amigos e de familiares, controlar suas ações, reclamar da roupa que você está vestindo, a cor do cabelo, os contatos via celular. Temos de cuidar muito. No primeiro momento é um xingamento, uma injúria, aquela violência psicológica, ameaça. Mas depois vai crescendo, com empurrões, tapas, o que se torna a agressão física, que deixa marcas, hematomas, e que, inclusive, impossibilita que algumas mulheres saiam de casa, enquanto as marcas estão aparentes no corpo”, explica.

As mulheres que estão sofrendo qualquer tipo de ameaça ou violência, precisam de ajuda, ressalta a delegada. E precisam registrar a ocorrência. Inclusive, podem procurar acompanhamento psicológico e acolhimento, através do CRAS ou CAPS. “Ela precisa se fortalecer para poder dizer o não”, reforça Cristiane.

A partir do registro da ocorrência junto a alguma delegacia de polícia, é possibilitada a adoção de medida protetiva para a mulher.

Números da violência contra as mulheres na região
Em 2022, foram quatro crimes de feminicídio na região Celeiro (nas cidades de Braga, Coronel Bicaco, Redentora e Três Passos). Esse número vem crescendo, já quem em 2021 haviam sido dois feminicídio e, em 2020, apenas um. “Dos 106 feminicídios no RS, em todo o ano passado, 80% das mulheres que foram mortas não tinham medida protetiva. E 50% não tinham sequer um registro de ocorrência”, afirma a delegada Cristiane.

Das quatro vítimas de feminicídio na região Celeiro em 2022, nenhuma delas tinha medida protetiva e apenas uma tinha algum tipo de registro de violência na polícia.

Também no âmbito da região Celeiro, foram 36 crimes de estupro em 2022; 580 ocorrências de ameaça e 299 ocorrências de lesão corporal. 922 pedidos de medidas protetivas foram realizados pela Polícia Civil no âmbito da região, no último ano.

Para a delegada regional, é preciso que cada vez mais a rede de apoio esteja bem organizada e ativa para acolher a mulher vítima de violência. “Polícia Civil, assistência social, CRAS, CREAS, posto de saúde, todos têm de ter a consciência de acolher a mulher, e não julgá-la. Temos de cuidar dessas vítimas. Muitas mulheres não realizam denúncia ou acabam retirando o pedido de medida protetiva, por medo. Medo de perder a guarda dos filhos, por questões econômicas, por ameaças que muitas vezes sofrem. Por isso que as mulheres vítimas de violência precisam procurar ajuda”, finaliza.

Canais de denúncia:
180
190
197
Disque 100 (contra abuso sexual)
(51) 9-8444-0606 (Whats da Polícia Civil)
Delegacia da Mulher Online (registro pode ser feito 24 horas por dia)

OUÇA A ENTREVISTA DA DELEGADA REGIONAL DA POLÍCIA CIVIL, CRISTIANE BRAUCKS:

Fonte: Rádio Alto Uruguai

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